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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O POSSÍVEL SURGIMENTO DE UMA NOVA ECONOMIA

A economia ensinada nas universidades explica que o PIB é usado, entre outras coisas, para medir o índice progresso de um determinado país. Sabemos, entretanto que o que um importante fator que explicita o progresso de um determinado país é o nível de satisfação que o povo obtém a partir da produção de bens e serviços. Em outras palavras é o quanto a população que produziu os bens e serviços que são para seu próprio bem-estar, estão realmente servindo para o fim ao qual foram criados – o de proporcionar satisfação (lucro) a todos.

Vários teóricos defendem a substituição do uso PIB para expor esses níveis de desenvolvimento apresentados. Os mesmos defendem que um índice geral de satisfação seja criado com base no real desenvolvimento da população, o qual levaria em conta não só a renda ou os fatores de geração de lucros monetários, mas também os índices de desenvolvimento social tais como a taxa de educação, taxas de serviços de saneamento básico, índices de vida (natalidade e mortalidade) e por fim, foi propôs to em um artigo de um economista americano que fosse levado em consideração também os índices naturais.

O professor Robert Costanza, o pai da economia ecológica foi o primeiro a por correspondência entre a natureza e valores monetários, em 1997 publicou na revista Nature um estudo que estimava o preço dos bens ecológicos: em torno de US$ 33 trilhões (cerca de US$ 45 trilhões nos dias atuais).

Nessa mudança de contabilização das riquezas dos países, o professor Costanza propõe que seja descontado dos resultados do PIB os gastos com a poluição do ar, os resíduos, a destruição da floresta. Quando o professor é questionado sobre o atual modelo econômico, ele responde: O atual modelo econômico não pode sobreviver. Um modelo baseado em um desenvolvimento sustentável é o que precisamos agora.

É muito impressionante quando Costanza fala sobre o modo de consumo praticado hoje, a seguir é transcrito um trecho de sua entrevista pela revista época:

O entrevistador perguntou a Costanza, “todos nós queremos ser cada vez mais felizes. Por que consumimos se isso não nos dá felicidade?”

A resposta de costanza foi: Eu acho que isso é encorajado pelo sistema. As corporações precisam aumentar seus lucros produzindo cada vez mais. Seria difícil uma pessoa superar esse vício. É como qualquer outra dependência. Enquanto você puder consumir aquela droga ou continuar comprando produtos que não precisa, tudo parece bem.

O entrevistador questiona se “essa proposta tem algo de socialista?” e a resposta é interessante: Não necessariamente. Depende do jeito que você interpreta. O socialismo, o consumismo ou o capitalismo, todos focam em extração excessiva dos recursos naturais e medem o bem estar a partir da renda ou bens, e não da felicidade. O que nós estamos falando diz respeito mais à base do ser humano. As pessoas não estão congeladas dentro desses modelos econômicos convencionais. A Margaret Thatcher (ex-primeira-ministra britânica) disse uma vez que “não existe essa coisa de sociedade”. Ela estava errada. A vida comunitária é a principal fonte de bem estar humano. Precisamos resgatar algo do comportamento de nossos antepassados, que valorizavam mais a convicencia com a família e os vizinhos que a aquisição de bens.

Minha opinião é que possivelmente estamos vivenciando o surgimento de uma nova economia, e melhor, tendo a oportunidade de fazer parte do processo de sua criação.


Por: Ricardo Cavalcante (@ricardocavalc on twitter).

2 comentários:

  1. não acredito que este modelo vai vingar...
    no mercado financeiro existe o sistema de ações.
    com isto as empresas são pressionadas a gerar lucro para os acionistas.
    portanto este modelo de medição de desenvolvimento não deve vingar...leva-se em consideração o poder (lobby) que as companhias tem nos governos....

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  2. Meu caro, isso não é pré-suposto para que o paradigma não venha mudar. Estamos falando de mais tempo. A pressão que o atual sistema está tendo nunca fora vista antes, veja como foi a repercursão desta crise... nós já tivemos crises internacionais antes mas nunca teve tanta pressão para se pensar na questão do consumo em demasia e ainda tem,os o agravante da questão ambiental que mexe não só com o modelo de produção, que é insustentável a longo prazo, mas também mexe com a existência da vida... Pense nisso.

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